Poema das cores.txt
Caminho a ver em cores
para onde olho sinto nelas odores
piso a floresta, desvio-me das àrvores
Esses verdes tão diferentes
Banhados pelo Sol ardente
Cai tão rápido e indiferente
Abri outro caminho de olhos fechados
Assim o escuro ilumina-se dos outros sentidos
Cheiro um pinheiro à minha frente
Um pássaro canta contente,
A minha saliva pesada da sede.
O Sol o sábio queimou-me os lábios,
Passo-lhes com a língua para sentir o ar humído da noite.
Caminho a ver a preto e branco, rapidamente me habituei porque até já fui cego; assim ainda podia fotografar e cada vez que carregava naquele botão a luz entrava e queimava o rolo e a cabeça, no entanto perguntei-me "O que desenha realmente a fotografia, a luz ou a sua ausência?"
Hoje tenho um caminho para fazer que já iniciei há muito tempo; esta semana já o comecei duas vezes, todas as semanas o tento fazer sete vezes e por isso percebi que o tempo é so do caminho, não há tempo a perder. No meu caminho há flores, àrvores e cores, também há amor, escuro e terrores; há dunas, luas, florestas, gatos, cães e pássaros, lagos, sapos e sapatos gastos.