forest2.txt


Tinhamos passado a tarde a dançar, o Sol de Inverno lançava-nos os seus últimos raios e um vento fresco de final de tarde despenteava as nossas copas quando o som dos motores das carrinhas de caixa-aberta dos leitores chegou à clareira da floresta, interrompendo a festa e e impondo um silêncio frio com o virar da chave nas ignições.
Agora eles vinham aí e podiamos ver ao longe as fileiras de livros em cima de livros empilhados na parte de trás das carrinhas, o Cem anos de Solidão, A Insustentável Leveza do Ser e o Pryncipia Mathematica entre d dezenas de milhares de outros graves ofensores.
Algumas àrvores desmairam ao ver os machados, outras lançaram os seus ramos para cima dos rebentos e arbustos e outras desistiram as suas raízes da terra e cairam sozinhas.

Um leitor caminha hesitante na direção do meu tronco; grita-lhe uma leitora de longe que eu "ia ser mortalhas"; vestia uma camisa axadrezada, tinha o cabelo e barba compridos e uns óculos de massa que revelavam um olhar triste e um portátil da Apple. Ergue até ao seu colo a lâmina do meu fim e mesmo antes de baloiçar os braços faz uma cara de espanto e larga o machado que cai e tilinta à sua frente.. pois eu tinha acabado de lhe sussurar:

"Não tenhas medo pequeno, consome-me, eu bem sei que a minha pele cresceu para ser fumada"

O mundo está sempre calmo, tu não vês?